Bem aventurados os que transformam desilusões amorosas em música. O pernambucano Victor Camaroti, de 33 anos, é um deles. Há dez anos, após o fim de um relacionamento, o jovem administrador de empresas resolveu iniciar uma carreira musical. Como que para lavar a alma mesmo, sabe? Victor, que sempre foi envolvido na arte, se juntou com outros rapazes da banda Arquibancada e, por oito anos, embalou festinhas privadas, clubes, casas de shows e boates locais com seu som romântico.
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Desde o começo, a ideia era tocar um repertório de amor, algo "erudito" como o brega. Isso mesmo. Canções de Reginaldo Rossi, Adilson Ramos e outros clássicos do ritmo compuseram o repertório do grupo. Com o tempo, quando a ferida foi se curando, um pouco de lambada foi incluída nos shows. Tudo muito bem recebido pela crítica e pelo público. Victor Camarote ( com 'e', diferente do nome de batismo do cantor) e Banda Arquibancada serviram de inspiração para outras bandas que editam o gênero brega no Recife.
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A parceria de oito anos acabou ano passado, em 2013, quando os ideias musicais do vocalista e da banda passaram a não ser os mesmos. Victor Camarote saiu em carreira solo, e 100% recuperado da dor de amor, se prepara para lançar seu primeiro disco autoral, em 2015, quando completa 10 anos de música. Hoje, ele não trabalha mais com administração de empresas. Só canta, produz e compõe. O que não é pouca coisa. Victor ainda está solteiro. Teve outros relacionamentos após a desilusão, um último, inclusive, que inspirou em muito a composição do novo álbum. Velho romântico, ainda e sempre.
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Para este novo projeto, Victor Camarote está contando com parceiros de peso. Uma galera da Nação Zumbi, de quem é fã, está trabalhando do disco. Pupilo, Dengue, Felipe Cordeiro, Chiquinho (Mombojó) e Lia Sophia são participações confirmadas no primeiro CD oficial da carreira do pernambucano. Parte da bolacha está sendo produzida em São Paulo, de onde Victor pretende sair em turnê pelo Brasil para apresentar o novo trabalho.
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A coluna conversou com Victor Camarote do Estádio dos Aflitos, antigo clube do Náutico, time de coração do cantor. O futebol é a outra paixão de Camarote, além da música. Ele vai aos jogos, torce e joga uma bolinha com amigos de vez em quando. Melhor que o campo para ele, só o palco. Este último espaço, que já recebe Victor tantas vezes por mês, deve conhecer um lado ainda mais maduro do artista com o lançamento do CD. A coluna deseja sorte ao "herdeiro de Reginaldo Rossi no brega".
Era para ser uma festa de amigos para amigos. Mas, desde o primeiro evento, organizado nesse esquema na Galeria Joana D'Arc, Allana Marques e Lucas Logiovine - hoje, Golarrolê- reuniram mais de 500 pessoas para curtir seu som. Isso aconteceu em 2006. De lá para cá, as coisas só cresceram. Há oito anos, a 'Gola', nome carinhoso dado à produtora, faz uma festa a cada fim de semana. São em média três ou quatro por mês. Público estimado entre 1 mil e 3 mil pessoas por evento. No total de selos, Allana e Lucas organizam mais de oito na cena baladeira do Recife. E a previsão é que o número aumente, apesar de agora a fase ser de reformulação/aprimoração das produções.
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Formada em Publicidade e Propaganda, Allana Marques, 31 anos, viu que a ideia precoce de organizar eventos deu certo. Ela acatou a sugestão de fazer festas de um amigo, Lucio Moraes, que hoje é seu parceiro na produção da Refresh. Começou casualmente com estilo eletrônico, mais para reunir os mais próximos mesmo, mas as pessoas foram gostando e convidando outras e outras e o negócio ganhou uma proporção maior. A produtora precisou mudar o local dos agitos para comportar os baladeiros. E o que se iniciou como brincadeira, desde 2010, é negócio sério e inspira a criação de novas produções por novas gerações. Orgulhosa disso, Allana transparece também a satisfação com seu público, a quem adjetiva como fiel. Essa essência, a Gola não perdeu. Quem vai, vai porque gosta e continua chamando novas pessoas. A publicitária e seus parceiros têm verdadeiros seguidores, que os acompanham e apoiam. Talvez essa, sim, seja a receita do sucesso.
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Os baixos valores de ingressos, que não ultrapassam R$ 50 ( exceto em datas como Ano Novo, quando o esquema é open bar, por exemplo), também são um atrativo das festas. Sem contar na liberdade que os eventos representam. A baladas da Golarrolê são lugar para se divertir. Ninguém se importa com sexo, raça ou cor, o importante é se jogar na pista. Pela música que propõe, pelo caráter da organização, a produtora foi, muitas vezes, considerada organizadora de selos gays. O que não é verdade. Allana Marques afirma que não se incomoda com o rótulo, mas garante que não levanta nenhuma bandeira, simplesmente porque não quer excluir nenhuma outra. As festas são feitas para quem quer se divertir, independente de qualquer coisa. Ela acredita que o fato da maior parte do público ser gay se deva ao fato de alguns selos terem uma proposta mais alterna. Mas, heteros e "religiosos" também são bem-vindos.
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De início, era a Putz. Depois veio a Neon Rocks (sazonal), o Brega Naite, a Maledita e a Odara Ôdesce. Isso, sem falar na Prainha e na Boulevard, estilo black tie, lançado ano passado. Sem muita rigidez, a ideia da Golarrolê é criar uma festa por ano. Os preparativos para a oitava já estão acontecendo. Mas, como comentamos no início da matéria, a prioridade dos empresários, Allana e Lucas, é mesmo de dar uma nova cara às produções e colocar cada festa em sua casinha. Odara= Catamarã, Brega = vapor 48, Maledita = Hidden Warehouse, Neon Rocks = The Gentleman Loser Pub, Refresh = Barchef, e por aí vai ...
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Não tem como não projetar boas novidades desse pessoal. Sempre voltados para o público, na base do feeling mesmo, o que eles querem é crescer mais e se fixar mais. Admiradores e sócios de carteirinha das festas não faltam. A coluna está de olho e deseja boa sorte!
Bruno Lins escolheu o Mercado da Madalena, na Zona Norte do Recife, para contar a história da banda Fim de Feira, da qual é vocalista, para a seção 'Sobe o som' da coluna. A opção pela locação não foi à toa. Foi naquele lugar que o grupo fez seus primeiros shows entre os anos de 2004 e 2007, quando tudo começou. Formado em Jornalismo, Bruno, que é um dos únicos integrantes da formação inicial da banda junto com seu parceiro Tomzinho, contou que o nome de batismo da Fim de Feira foi inspirado em um poema de Dedé Monteiro, famoso cantador de Tabira, no interior de Pernambuco. Esse universo de raíz do sertanejo, música de viola, cordel e contações de história sempre encantou o cantor e se tornou a "viga-mestra", como ele costuma dizer, da banda.
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No início, a Fim de Feira se dedicava ao forró pé-de-serra, até que resolveu mudar um pouco a estética da banda e começar a fazer um som de viola. O primeiro disco oficial da banda saiu em meados de 2008 e rendeu aos músicos o Prêmio da Música Brasileira 2009, na categoria Melhor Grupo Regional. Reconhecido pelo resultado, o grupo saiu em turnê internacional por 12 países, incluindo alguns da Europa. Logo depois veio outro trabalho, chamado 'De todo jeito, a gente apanha', em 2012, que fez florescer da Fim de Feira um perfil mais moderno. Em fevereiro deste ano foi a vez do DVD ao vivo, gravado no Estelita, no Cabanga, em homenagem aos 10 anos de carreira da banda. O trabalho é uma espécie de resgate dos sucessos do grupo e releituras de músicos que inspiram o trabalho da Fim de Feira como Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, etc. O lançamento está previsto para julho deste ano, após o São João, período em que a banda é mais requisitada pelo caráter de seu som.
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Pé-de-serra, viola, coco, os arranjos são vários, sempre muito bem elaborados, não importa a vertente do ritmo. As letras sempre têm algo a dizer. Bruno Lins apresenta a Fim de Feira como uma banda que faz música artesanal. Ele diz artesanal no sentido de única, bem lapidada. Embora de caráter pop, o cantor considera a Fim de Feira fora do "mainstream". Segundo ele, quem consome o som da Fim de Feira aprecia música boa. Não importa a idade, vão ser sempre pessoas em busca de canções bem feitas, com qualidade.
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Hoje, além de Bruno Lins, a Fim de Feria é formada por Tomzinho, Lucas Maia, Antônio Muniz, Lucivan Max e Márcio Silva. A coluna deseja mais sorte e sucesso para o grupo!
O Hall Social inicia hoje uma série de reportagens para apresentar melhor (e com mais intimidade) bandas já conhecidas e queridas das noitadas recifenses. De onde veio a ideia? A gente pensou que muita gente curte o show e canta as músicas junto com Só na Marosidade, Citrus Club, Leva, Eddie, Papaninfa e tantas outras, mas não sabe a história que está por trás dessa galera que movimenta a cidade com seu som todo fim de semana. Quem estreia o 'Sobe o som', nesta quarta (16), é uma dupla já famosa por aqui. Alguém já ouviu falar em Felipe e Gabriel? Sim? Pois bem! Agora nós vamos contar a vocês os bastidores da vida dos sertanejos e o que eles fazem de segunda a quarta, quando não estão em cima do palco. Vamos lá?
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Tudo começou com Felipe Rodrigues, por volta dos anos 2000. A voz principal da dupla, hoje com 30 anos, casado e pai de Isadora, de 3, iniciou a carreira como a maioria dos músicos: em barzinho. Felipe tocava de tudo: MPB, Jovem Guarda, Xote, Baião e Forró, mas o sonho dele mesmo, que é fã declarado de Zezé Di Camargo, era comandar um projeto sertanejo. Durante 10 anos, o cantor esteve à frente de bandas de forró e brega, já que o ritmo "caipira" não tinha muito espaço no Recife. Foi só em 2010, formado em logística, quando já estava desistindo de ganhar a vida com música, que Felipe recebeu o convite para fazer uma noite sertaneja na Cachaçaria Tradição. O que começou como uma participação virou rotina e toda semana o dono do estabelecimento queria o músico por lá, tocando o que ele mais gostava. Era o início da era sertaneja na cidade.
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Felipe Rodrigues ficou sozinho no palco alguns meses até encontrar Leonidas Nogueira, ou melhor, Gabriel, que na época tocava violão em suas apresentações. Ele queria seguir a linha do sertanejo nacional que, em sua maioria, é representado por uma dupla. O cantor ensaiou o pupilo algumas semanas até se sentir pronto para lançar a parceria, que faria sucesso: 'Felipe Rodrigues e Gabriel, a exemplo de Zezé Di Camargo e Luciano. A Leonidas coube só aceitar e se tornar Gabriel. Os dois achavam que o nome com terminação 'el' combinaria com o Rodrigues da primeira voz e criaram o codinome para o músico. E estavam certos.
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Felipe Rodrigues e Gabriel passaram dois anos se apresentando com o selo até resolverem tirar o sobrenome do primeiro cantor da história e viraram Felipe e Gabriel. De lá para cá, muita coisa mudou. Foram 4 CDs, 2 DVDs - o último, sunset, vai ser lançado no início de maio -, e cerca de 10 shows por semana. A agenda dos meninos começa na quinta e vai até o domingo, sempre com mais de um show por noite. Eles não reclamam. Felipe enfim realizou o seu sonho e Gabriel recebeu nos braços a oportunidade de uma nova vida e conheceu as delícias de chorar uma dor de cotovelo ao som de Jorge e Mateus, Zezé e Luciano, Victor e Léo, Gusttavo Lima, Luan Santana, etc.
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Os planos da dupla a partir deste ano são de investir em projetos mais autorais. Felipe e Gabriel já incluem composições suas nos CDs e shows. Neste último DVD, por exemplo, estão presentes duas músicas de Gabriel. Uma que Israel Novaes, inclusive, demonstrou interesse de comprar. As negociações não foram para frente, mas os rapazes comemoram o avanço que a carreira vem tendo no Recife e cidades próximas. E apesar de tanto sucesso entre a turma jovem do Recife, Felipe e Gabriel não se consideram referência quando o assunto é música sertaneja por aqui. Eles só pensam em continuar fazendo um bom trabalho e colher os frutos de tanta dedicação. Os sertanejos estão investindo na imagem da dupla e querem, em 2014, se estabelecer ainda mais na agenda da capital pernambucana para, enfim, alçar vôos mais altos em Estados vizinhos, e quem sabe, por todo o Brasil. Amor pelo o que fazem não falta.
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Apaixonado por sertanejo de raiz e amante do universitário, Felipe conversou com a coluna sem o famoso chapéu. "Ê, Paixão, pode aparecer assim na mídia?". Sem problemas, garante Felipe. "Não tenho a intenção de me tornar um Bell Marques, que nunca tira a bandana. O chapéu é uma identidade no palco, mas fora dele circulo à vontade sem o acessório. Se precisar tirar, tiro. Não tenho problemas em posar para foto sem ele, nada", conta. Fora do palco, Felipe escuta também MPB. Eclético, ele só não gosta de música internacional. Já Gabriel, que tem 27 anos, curte músicas dos anos 60 e um pouco de MPB também. Os dois ainda estão se acostumando com a produção artística, o uso de maquiagem para disfarçar a oleosidade de vez em quando e a necessidade e looks arrojados. Tudo encarado com bom humor e disposição. E talvez essa seja a receita de tanto suceso: a simpatia e alegria com a qual os meninos tocam a dupla e a vida. Viada longa a Felipe e Gabriel!