O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a luta contra um câncer na laringe, descoberto em outubro do ano passado. Um dia depois da notícia de que o tumor desapareceu, Lula falou em entrevista exclusiva a colunista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, que teve mais medo de perder a voz do que de morrer com a doença. “Se eu perdesse a voz, estaria morto.” Quase 16 quilos mais magro e com a voz um pouco mais rouca que o normal, o ex-presidente ainda sente dor na garganta e diz que sonha com o dia em que poderá comer pão “com a casca dura”.
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Lula comparou a uma bomba de Hiroshima o tratamento que fez, com sessões de químio e radioterapia, e confessou ser um medroso. “Eu vivo com medo. Eu sou um medroso. Não venha me dizer: ‘Não tenha medo da morte’. Porque eu me quero vivo. Uma vez ouvi meu amigo Ariano Suassuna dizer que ele chama a morte de Caetana e que, quando vê a Caetana, ele corre dela. Eu não quero ver a Caetana nem…”